Terceira idade, velhice, idoso.
Escrevinhações bem-humoradas de um velho consciente de que a melhor idade ficou para trás, mas a feliz idade não. O idoso que assume a sua terceira idade sem medo da velhice.

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Terceira Idade - Velho e Poder

    Terceira Idade – Velho e Poder


    Pois a ideia predominante é de que depois dos sessenta a gente é um caco inútil, que não serve para nada, a não ser para incomodar e encher o saco.

    E os mais jovens deitam e rolam alicerçados na falsa estrutura de energia, força, inteligência, capacidade e outras coisas mais.

    As empresas não publicam em seus anúncios a idade máxima para determinada vaga, por proibição legal, mas, na verdade, a maioria olha o currículos dos idosos como papel inútil. Uma que outra valoriza a experiência e a capacitação do experiente velho como uma característica positiva. Para a grande maioria dos administradores,  o idoso deveria ficar quieto em casa, esperando a hora de vestir o pijama de madeira. 

    Para descontrair, vamos ver a experiência de uma amigo meu, que enfrentou o preconceito, partindo de uma criança da pré-escola. 

    Esclareça-se que ele branqueou os cabelos precocemente, o que já dava uma aparência, digamos, não tão jovem. Para  completar, teve um filho temporão. Assim, com quarenta e poucos anos, seu filho estava na faixa de quatro ou cinco. Esse tal amigo participava de um grupo de vizinhos que organizara um rodízio de transporte escolar. Em vez de pagarem um transporte caro, cada pai, determinado dia, levava e buscava os anjinhos na escola. 

    Estava o tal amigo em seu dia de motorista, o carro com uns cinco ou seis capetinhas rumando ao templo do conhecimento ...

    Eis senão quando um deles, que estava no banco traseiro, passou a mão nos seus cabelos brancos, carinhosamente, falando:

    - Mas tu tá velho, hein? Só tem cabelo branco nessa cabeça! Por que tu não morre logo, hein?

    Criança  tem mais lógica em seus raciocínios do que muitos adultos babacas. Certamente já vira alguém falando: “Como o João tá velho! É só cabelo branco! Tá com um pé na cova!”

    Se cabelo branco é sinal de pé na cova, na cabeça do anjinho deveria até ser perigoso andar num carro dirigido por um velho gagá ... Se ele morresse, estaria fazendo um bem ao próprio filho e a todos os amiguinhos, que não precisariam arriscar o pelego andando num carro guiado por um sujeito que já deveria ter-se bandeado para o outro mundo ...

    Vamos pegar o caso deste blog: se estivesse escrevendo besteirol  ou não, mas assuntos de interesse da juventude, há muito estaria bombando. Como o título usa o termo terceira idade, pronto: estamos patinando, remando contra a maré, etc. e tal. Isto porque nós próprios, os velhos (e vamos parar de frescura de só falar em idosos, terceira, melhor idade ...) aceitamos passivamente nossa condição e começamos a achar que mexer em computador, internet, smartphones, blogs, twitter, instagram, whatsapp não é coisa para nós. E aí o tal Dr. que deixa as mulheres loucas (e os homens) pega, mesmo. Como é mesmo o nome? É um alemão ... 

Se achar o meu remédio para a memória, que guardei não sei onde, eu digo ...

    E não conheço ou conheci nenhum velho ativo, tanto física, quanto intelectualmente que tenha sido pego pelo Alzheimer (lembrei!).

    Se nós próprios achamos que já não temos condições de fazer certas coisas, imaginem a rapaziada. Nós mesmos nos encarregamos de vender a imagem de que estamos mais do que ultrapassados.

    Só que não!

    Vejamos:

    O presidente da maior economia do mundo é um “gagá” de setenta e três anos. Não gosto muito do tal “way life” americano nem do Trump, mas  a verdade é que o poder de destruir o mundo simplesmente apertando um botão, está nas mãos de um velho.

A Rússia é presidida pelo Putin, um guri de sessenta e sete anos. A Alemanha é comandada por uma terceirosa de sessenta e cinco, a Ângela Merkel. O Japão, por Shinzô Abe com a mesma idade. 

    Mas, dirão alguns, há países com jovens no comando! Ah, sim, temos a Coreia do Norte, com o Kim Jong-Um de trinta e seis anos ...

    Viram? Se a gente quiser, dá para distorcer a verdade e provar que só os velhos sabem governar ...  Mas, felizmente isto não é verdade. Temos muitos jovens bem preparados, porém, a verdade é que a maior fatia do poder está na mão de quem? Dos “inúteis, ultrapassados, gagás, pés-na-cova, etc.”

    Outro fato importante: noventa e muitos por cento dos velhos torce para a chegada aos setenta anos, para livrarem-se da obrigatoriedade de votar. E acham que é a conquista de um direito importantíssimo. 

    Alienar-se da condução dos rumos do país, estado e município, a partir desse raciocínio é uma grande conquista ...

    E depois nos queixamos de que estamos sendo abandonados, esquecidos, desconsiderados.

    Somos 30,2 milhões de brasileiros (isto até 2017). Até 2030 seremos 25% da população. 

    Se a velharada se unisse e direcionasse seus votos unicamente para deputados idosos ou, por que não, jovens que tivessem o compromisso de defender nossos interesses, teríamos um quarto dos representantes no congresso.

    Já pararam para pensar no que isto representa? Um quarto dos deputados e senadores seriam nossos representantes. Acredito que não haveria bancada maior voltada a determinado segmento da população. 

    Este blogueiro participa da política municipal em um municipiozinho de apenas oito mil e poucos habitantes. Numa das reuniões em que se discutia uma eventual coligação, foi apresentado o nome de um cidadão de sessenta e cinco anos, para compor a chapa como vice-prefeito. Prontamente houve a apresentação de um argumento irretorquível: “Não dá. Está muito velho!” Isso que o tal fora vereador por várias legislaturas, não tinha rabo preso, era empresário. Mas não servia: era velho e estávamos conversados.

    E depois não se sabe por qual motivo São Vicente do Sul, com seus 143 anos, tem uma economia ínfima se comparada com Caxias do Sul, por exemplo, que tem uns seis anos a menos. 

    Velhice não é doença. Idade não é burrice. 

    Velhice é sabedoria, é aplicação inteligente dos conhecimentos adquiridos ao longo dos anos.

    Não esqueçamos disto: somos poderosos, estamos preparados para exercer o poder, mas, na maioria dos casos achamos que é um baita privilégio ficar em casa no dia da eleição, deixando que os outros decidam nossos destinos.

    E depois não digam que não alertei!

   

   


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